quarta-feira, 1 de maio de 2013

Diário da depressão

Custo a me levantar da cama, depois de horas acordado sobre o grosso edredom que ajuda a escurecer ainda mais o quarto. Só de cueca, vou até à cozinha. Bebo um copo de água da torneira. Morna. Não me incomodo. Me apoio na pia, fecho os olhos. Sinto-me zonzo. Dormente. Penso em como será o dia. Em como serão as horas. Minutos. Segundos. Instantes sem a vida que outrora foi minha. 
Sem você.
A vida está sendo muito mais difícil sem você.
Tento ao menos tomar um banho. E consigo. O tempo se arrasta um pouco mais enquanto a mente tenta se livrar da dor invasiva. Tento não pensar em nada. Você continua a pulsar em meu peito. Dolorido. Como pude me permitir apaixonar? 
Mais um amor impossível numa contagem desumana para qualquer coração humano.
O mais novo amor impossível sempre o remeterá ao mesmo sofrimento do primeiro.
Nunca esquecerei quando, aos 15 anos, quase morri de tanta amar.
O amor não deveria nos machucar tanto.
Fecho o chuveiro. Deixo o corpo se arrepiar de frio. Penso ser essa a sensação salvadora. Sentir algo real em meu corpo talvez possa desviar a dor abstrata em meu peito. Visto uma roupa simples. Aliás uma roupa que já venho vestindo há dias. Tem cheiro ruim. Suor. Azedo. Meu cheiro está ruim. 
Coloco um pouco de água no  fogo pra ferver. Um café irá me fazer bem. Minha mãe sempre me serve um café na intenção de me fazer bem. Penso no amor dela. Quero colo. Ela está longe. Estou sozinho neste apartamento sombrio. Ninguém disposto a ouvir minhas lamúrias. 
Bebo o café. Volto para a cama. Cubro meu rosto com o grosso edredom. Desejo apenas que o dia seja mais curto, que a vida seja mais curta.

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