terça-feira, 30 de abril de 2013

Diário da depressão

Hoje estou a sentir muita dor. Na alma. No peito. Nos pés, nas pernas, na cabeça e nos olhos de onde só o que se tem agora é uma sequidão depois de um resto de lágrimas.
Chego em casa, sento-me as pressas no sofá, como se a qualquer momento pudesse cair. Não acendo a luz. Não abro a janela. Penso no meu silêncio. Penso no que posso fazer para abrandar a dor. Nada encontro em resposta. Fecho os olhos. Busco por pensamentos positivos. Mas tudo é dor.
Hoje tudo é dor. Dor maior que a de ontem. Dor que  já antevê o dia desastroso que virá amanhã.
Tenho tido medos enormes de mim. A hipótese do suicídio, de ir embora. Nunca antes (mesmo quando a depressão estraçalhou meu corpo e minha mente dez anos atrás) eu estive tão certo de que morrer talvez seja a única solução para o alívio da dor.
Dor... Só Dor. Presente, passado e futuro resumidos em dor.
Arrependimentos, medo, solidão. Dor.
Num esforço de sair da paralisia, arrasto-me até o banheiro. Tiro as roupas as pressas, temendo desistir. Abro o chuveiro de água morna. Mas o pouco que aguento em pé não me alivia a dor. Sento sobre as pernas. Abaixo a cabeça e o choro convulsivo retorna. Meus urros de dor e morte não me permitem mais escutar o som tranquilizador das águas caindo sobre minha cabeça. O som que se ouve é de tempestade, catástrofe. Água, urros, dor, morte.
Choro e esqueço-me de onde estou. Apoiando-me nas paredes que deslizam, custo a me colocar de pé. Desligo o chuveiro. Apago as luzes. Fecho a porta do quarto. Me encolho na cama. Penso em Deus, no milagre da cura. Penso estar muito longe de alcançar qualquer coisa. Choro de novo. Quero apagar de vez. Quero apenas ir embora. Me deixe ir embora.

terça-feira, 23 de abril de 2013

O amor me faz falta


           Quando o amor acaba nada mais importa. As coisas perdem totalmente o sentido. Quando o amor acaba só o que fica é o vazio. Um silêncio em tudo à volta.  Um grito de muitas almas que corta o interior em constante uníssono, desafinado. Berros do desespero que lhe corrompe o ser a dizer incessantemente que a vida perde a razão de existir porque você jamais terá a pessoa que ama. Simples ficar quieto, sem voz. Impossível calar os pensamentos. O amor acaba e a vida segue em precipício. O pior é sermos privado da convivência no mesmo mundo. O amor nunca devia terminar. Para sempre o amor deveria ser a mais doce das criaturas. Para sempre o amor deveria ser aquilo que de melhor a vida pode lhe oferecer.
            Aos poucos o silêncio é só o que se ouve. O amor longe daqui. Em outros corações. Exceto no meu que só sabe abrigar tristeza e dor. Em território onde tristeza e dor abrangem o amor fica impedido de acampar.