terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Você conhece a BIBLIOTERAPIA?


A biblioterapia é o uso da literatura como instrumento terapêutico. Pode acontecer de formas diferentes e possui variadas aplicações. As duas formas básicas são: leitura solitária e acompanhada.

Na leitura solitária, há a oportunidade de "diálogo" com pessoas de épocas e locais distantes com os quais identificamos afinidades. O autor e o leitor compartilham suas profundezas. "Ler um livro é ler-se a si mesmo." Marc-Alain Ouaknin, 1996. Nesta forma, o biblioterapeuta atua indicando a leitura a partir da questão apresentada pelo cliente.

A leitura acompanhada subdivide-se em: acompanhada de outra pessoa (qualquer ou profissional de áreas diversas como: psicologia, biblioteconomia, filosofia, arte-terapia, etc.) ou acompanhada de um grupo.

Por ser acompanhada, a leitura de um mesmo fragmento por pessoas diferentes gera multiplicidade de interpretações, abrindo um campo de reflexão de saídas não imaginadas, desconstrução de certezas limitantes, construção de novas verdades, dentre outras reações construtivas e em prol da saúde. "A verdade é peixe difícil de pegar, cada um acha um caquinho reluzente." Adélia Prado

A leitura coletiva mediada por um psicólogo visa identificar fragmentos que potencialmente evocarão histórias pessoais para favorecer a expressão e o acolhimento das emoções despertadas.

Trata-se de uma roda de leitura, onde há espaço para o que foi vivido pelos leitores. O que importa não é o que o autor quis dizer, mas onde o que foi lido toca na história do participante. Uma forma sutil e cultural de desenvolver saúde emocional.

Conheça e desfrute os prazeres e poderes da biblioterapia, conhecendo as palestras, círculos e grupos de discussão. Para quem se interessou eu recomendo a psicóloga Cristiana Seixas (http://www.cristianaseixas.com/) que, além de ser uma grande amiga e incentivadora, possui experiência e capacitação profissional. Com o uso da biblioterapia, Cristiana Seixas tem desenvolvido trabalhos que oferecem resultados edificantes e surpreendedores num mergulho intenso ao poder terapêutico da arte literária.

Para saber sobre a programação e como fazer parte dos círculos e grupos de discussão acesse o link ou o site da Cristiana citado acima:
http://www.cristianaseixas.com/docs/BIBLIOTERAPIA%20FEVEREIRO.PNG

Abaixo postei um vídeo produzido pela Cristiana onde ela comenta e ilustra a técnica da biblioterapia:

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Uma meditação sobre a maldade.


Em final de janeiro entrou em cartaz o filme Precisamos falar sobre o Kevin, baseado no livro homônimo de Lionel Schriver. Assisti ao filme na semana passada e saí do cinema correndo para uma livraria de modo a adquirir o best-seller e dou a dica para que façam o mesmo. Vejam o filme antes e depois leiam o livro! O filme é excelente, mas confesso que ao terminar de ler o livro hoje fiquei perturbado muito além do que fiquei quando abandonei a sala de cinema num silêncio ressentido e cheios de pensamentos a dar voltas em minha cabeça. O filme choca, mas as palavras do livro é de fazer pensar, e muito. Um soco no estômago a cada página, mas a gente não quer abandonar de jeito nenhum e no final, ao ler a última página,  surge um triste pesar pelo fim de algo bom, muito bom!


Recomendo a leitura do livro por dois bons motivos que fazem dessa história incomum e surpreendente:
1) Lionel Schriver utiliza fatos do cotidiano, estampados nas primirias páginas dos jornais americanos: Kevin Katchadourian, um jovem de 16 anos, é o autor de uma chacina em que liquidou sete colegas, uma pofessora e um funcionário da cantina da escola onde frequentava. Lionel Schriver, foge do esterótipo e brilha com originalidade, ao narrar a tragédia do ponto de vista da mãe do garoto, Eva Katchadourian, por meio de cartas que ela escreve ao marido, que também foi assassinado pelo jovem.

2) O livro poderia ter caído numa vala comum de dramalhões onde a única pergunta que permearia em todas as páginas era: por que Kevin fez isso? Mas indo por um outro caminho, Lionel Scchriver desnuda cada personagem, nos revelando suas relações mais íntimas, a sinceridade de Eva ao revelar que de fato no início não desejou ter aquele filho, suas dificuldades para assumir essa nova "função" de mãe, sua irritabilidade com o choro constante de Kevim e as assombrosas características do garoto que desde pequeno já apresentava comportamentos sociopatas, estabelecendo como primeira inimiga sua própria mãe. E a pergunta que fica ao final é: será possivel odiarmos nossos filhos? Há de se ter um pouco de coragem para embarcar nesse livro, mas o incômodo que ele nos causa talvez seja o seu maior mérito!

Veja abaixo o trailer do filme.