segunda-feira, 9 de abril de 2012

Finitude, na perspectiva dos heterônimos de Fernando Pessoa, por Cristiana Seixas

A morte é um tema que perpassa toda vida de Fernando Pessoa. Aos 5 anos de idade, morreu seu pai. Até completar 8 anos, perdeu a irmã, a casa e a pátria, por ter que morar na África do Sul com sua mãe e padastro. Morreu com 47 anos. O reconhecimento como o maior poeta de lingua portuguesa, revelou-se após sua morte, através da publicação de 27 mil originais descobertos guardados numa arca.


Foi um homem solitário com vida modesta e uma grande angústia existencial, pelo seu contexto pessoal e de sua época. Num cenário de caos e acaso, a única certeza que permaneceu foi a morte. Sua poesia vem de um profundo pesar pela consciência de finitude e do sentimento de falta de sentido na vida. Escrever foi uma forma de salvação. Procurou diversas formas de fragmentar-se para sobreviver à fragmentação de seu tempo. Cada um de seus heterônimos exprime uma forma de se relacionar com a finitude. Cada poema seu é palco de certo teatro, onde ele encena a interminável busca de identidade. Mestre é entendido como a personificação de um impulso criador. Na obra de Pessoa, há a inclinação para o sonho e a morte. Neste caso, vivências quase sinônimas, como eram para os gregos. A morte não era o fim, mas a transformação do corpo em imagem.

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