Observou
com carinho e em silêncio o homem a sua frente, um bom marido, um caráter
exemplar que soube amá-la apesar de toda a pobreza de onde foi tirada, sua
ignorância inicial, seu ódio velado que muitas vezes não soube esconder
totalmente. Ele seria a pessoa mais indicada para ouvi-la nesse momento. Com sua
capacidade de analisar os fatos, Adriano Louback com certeza lhe daria
conselhos adequados. Mas isso só se fosse um amigo, alguém não atingido
diretamente pelas suas verdades. Adriano Louback ia além de um simples amigo. É
certo que quando se casou com ele não o amava. Munida de um único objetivo que
era conseguir meios reais de vingança e ascensão para um novo mundo de poder e
riqueza, Ester se juntou a Adriano Louback. Porém, o tempo foi generoso com
ambos, transformando a relação num jogo de respeito que não tardou muito a se
transmutar em amor. Por que então não contava a verdade? Ester analisava que
toda mentira tem um prazo de validade para ser revelada a tempo de que todos os
envolvidos possam perdoar o ato. Expirado o prazo, a mentira descoberta provoca
apenas mágoa, resignação e nenhuma chance de perdão. É por isso que ela teme
contar tudo, não somente sobre o filho escondido, mas o romance com Belizário Veiga,
seus planos de vingança quando se casou e o mais grave de todos, o assassinato
de Sebastiana Conraz.
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